Do Cafofo do Dezena - Crônica Viva - Mangá é outra história
Desde quando existem as camisas de mangas curtas?
Preocupo-me pela expressão: arregaçar as mangas.
Ora, se estou com elas cortadas acima dos cotovelos, como irei arregaçá-las? Depois, o termo é sinônimo de seres voluntariosos, destemidos diante de uma missão, corajosos. Passa pela minha mente a imagem de pessoas, outrora, com a veste encurtada. Fred Astaire dançando? Parece que sim. Estivadores no início do século passado, sacos de café na cabeça, carregando a produção nacional para dentro dos navios, no porto de Santos? Vou pesquisar esta imagem. Poxa, vida! Dei um Google e, em todas, os trabalhadores estavam com as mangas arregaçadas.
Este pensamento me roubou parte da manhã. Os culpados foram: Rogério Duarte, secretário-geral da UBE, e nosso presidente, Ricardo Ramos Filho. Dia desses, em mais uma de nossas reuniões acaloradas, antes da abertura dos trabalhos, para falar que o Rogério estava de boa, disse:
Como diziam, você está de mangas ao vento.
Acho que foi isso mesmo, quer me corrigir, não se avexe. Não me recordo bem. Corri ao Google, novamente, pois não é a manga fruta e, talvez, nem a da camisa. Está lá a biruta. Sim, senhores, e para que tudo faça sentido, o aviador deveria, antes de levantar voo, declarar:
Arregaçaremos as mangas e seguiremos viagem.
Essa manga ficou entalada em meu subconsciente. Descasquei e chupei até o caroço. Assim que se fazia na minha infância. Do último galho, como um símio habilidoso, desfrutava da penca madura. O caldo escorria pelas mãos e pingava dos cotovelos.
Confesso que não sou bom com as cores. Apalpava as frutas e, as que estavam molinhas, apanhava e comia. Muitas vezes, na dúvida, as mordia na pontinha, sem as retirar de onde estavam. Se maduras, apanhava e comia se verdes, deixava no galho para as moscas e bichos.
Agora, morando em São Paulo, o mais longe que vou para conseguir a fruta é na mercearia da avenida Jumana. Não sei se em mangas de camisa, mangas ao vento ou arregaçadas, sigo a minha biruta.
 
Fernando Dezena
 
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Ora, se estou com elas cortadas acima dos cotovelos, como irei arregaçá-las? Depois, o termo é sinônimo de seres voluntariosos, destemidos diante de uma missão, corajosos. Passa pela minha mente a imagem de pessoas, outrora, com a veste encurtada. Fred Astaire dançando? Parece que sim. Estivadores no início do século passado, sacos de café na cabeça, carregando a produção nacional para dentro dos navios, no porto de Santos? Vou pesquisar esta imagem. Poxa, vida! Dei um Google e, em todas, os trabalhadores estavam com as mangas arregaçadas.
Este pensamento me roubou parte da manhã. Os culpados foram: Rogério Duarte, secretário-geral da UBE, e nosso presidente, Ricardo Ramos Filho. Dia desses, em mais uma de nossas reuniões acaloradas, antes da abertura dos trabalhos, para falar que o Rogério estava de boa, disse:
Como diziam, você está de mangas ao vento.
Acho que foi isso mesmo, quer me corrigir, não se avexe. Não me recordo bem. Corri ao Google, novamente, pois não é a manga fruta e, talvez, nem a da camisa. Está lá a biruta. Sim, senhores, e para que tudo faça sentido, o aviador deveria, antes de levantar voo, declarar:
Arregaçaremos as mangas e seguiremos viagem.
Essa manga ficou entalada em meu subconsciente. Descasquei e chupei até o caroço. Assim que se fazia na minha infância. Do último galho, como um símio habilidoso, desfrutava da penca madura. O caldo escorria pelas mãos e pingava dos cotovelos.
Confesso que não sou bom com as cores. Apalpava as frutas e, as que estavam molinhas, apanhava e comia. Muitas vezes, na dúvida, as mordia na pontinha, sem as retirar de onde estavam. Se maduras, apanhava e comia se verdes, deixava no galho para as moscas e bichos.
Agora, morando em São Paulo, o mais longe que vou para conseguir a fruta é na mercearia da avenida Jumana. Não sei se em mangas de camisa, mangas ao vento ou arregaçadas, sigo a minha biruta.
 
Fernando Dezena
 
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