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Do Cafofo do Dezena - Crônica Viva - Achados e Perdidos
São João da Boa Vista|cultura|09/09 09:57|70 visualizações
Sou um acumulador, quase compulsivo. Vejo complexidades em alguns itens e, se não os guardo para uma serventia futura, penso em fazê-lo. Notem a engenharia de uma caixinha plástica que embala as lâminas de barbear, além da beleza. As que contêm cinco lâminas são de cair o queixo. Confesso: só depois de muitos anos descobri que, para tirar a lâmina de seu acondicionamento, é só encaixar o cabo, forçar um pouquinho que destrava o pino de segurança. Pronto para o uso. Antes, lutava para retirá-la à unha e, segurando com atenção, terminava o serviço.
Explicando na escrita é bem complicado, melhor um vídeo, mas quem faz a barba diariamente sabe.


Outros apetrechos que iam para o lixo são os pratinhos de isopor utilizados na padaria para acondicionar os frios. Digo, en passant, estão os olhos da cara. Um quilo de muçarela, ou da Ceratti, não sai por menos do que a picanha prometida pelo presidente. Como pode? Já que são caros, depois que enveredei pela vida de pintor (de quadros), utilizo os pratinhos para misturar as tintas. Muito práticos, pois, após o uso, vão para a reciclagem sem precisar de uma mão de água. Clipes, tenho dó de jogar fora. Se os vejo pelo chão no serviço, agacho e pego. Livros ficam amontoados pelas prateleiras sem nenhum capricho. Sem falar em meus bibelôs. Quando me mudei para São Paulo, acho que já contei aqui, mas não custa redizer, em todos os restaurantes, pedia uma lembrancinha. Mentira sem maldade: dizia que estava de passagem, que só Deus saberia dizer se voltaria um dia, e se possuíam algo que pudesse levar como recordação. Invariavelmente, dava certo. Tenho desde o molho de pimentas do Hocca Bar a um saleiro do Mexilhão, ali da Treze de Maio, no Bixiga.


Agora, olho para as minhas estantes e vejo que é tempo de reorganizá-las. Livros disputam espaço com os quadros, pincéis e tintas bibelôs, chávenas personalizadas com as fotos da família, o rádio velho, que meu pai levava para as pescarias, acompanhado das pilhas erradas (tamanho) que comprei para vê-lo prosear novamente. Não deu certo. Sim, reorganizar. Dá trabalho, mas sempre tem o gostinho de redescobrirmos algo perdido: um livro, um autógrafo ou uma amarelada fotografia.
 
Fernando Dezena

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