anunciar tabela de preços enviar notícia
rede social :: login
Do Cafofo do Dezena - Crônica Viva: Onde Foram os Pardais
Águas da Prata|cultura|10/06 17:36|105 visualizações
Esta semana, na Folha de São Paulo, matéria do Vicente Vilardaga, trouxe-nos um fato interessante, principalmente para mim, que havia notado há alguns anos. O desaparecimento dos pardais. A matéria, bem redigida, não vai a fundo no caso. Motivo que me leva a meter a colher nesse angu. A pesquisadora consultada alegou que o sumiço do pássaro está ligado ao fim das casas com telhas de barro, local ideal para os seus ninhos, ou à diminuição dos insetos, que se verifica no mundo todo. Acontece que este pobre cronista, que vive de olhar o mundo para arrumar assunto, havia observado o desaparecimento do bichinho, na minha querida Águas da Prata, há alguns anos, não muitos. Garanto que, na rainha das águas, não faltam telhados de barro, nem, tampouco, insetos. Cheguei a consultar a Cleuza, dona de um aconchegante café na estância, onde os pardais, sem nenhuma educação, entravam para pegar migalhas de comida pelo chão. Até sobre as mesas, em pratos ainda não retirados.
&mdash Parece que continuam vindo! Disse-me ela.
 
Desencanei, embora, em minha mente, corresse a preocupação de que algo terrível estava acontecendo sob o manto da cegueira humana. Envenenados? Pouco provável. Alguma doença que acomete apenas aos pardais? Difícil. Talvez um aumento considerável de pets felinos. Está na moda. Agora a matéria denunciando o desaparecimento do passarinho. Como já somos dois a detectarmos o problema, eu e o Vilardaga, acredito que o assunto mereça a atenção das autoridades. O governo federal, em parceria com o estadual e o municipal, deve, de imediato, designar uma comissão para apurar os fatos. Será? Comissões governamentais só andam se forem recheadas com polpudas verbas. Não me parece que algum parlamentar gastará a sua cota-parte de emendas para financiar os estudos que darão (ou não) uma resposta ao desaparecimento dos pardais.
 
Podem dizer, vi na reportagem que o pardal não é um espécime brasileiro, que veio importado para tentar acabar com um problema sanitário, exterminar com bicadas o Aedes aegypti. Mas, lembro a todos, que também não somos. Viemos pela ganância de nossos antepassados, ou pela fome, arrancamos das terras os povos originários e ficamos por estas bandas. Nunca se deram ao trabalho de contar os pardais, mas nós passamos de duzentos milhões. Sabe-se lá se uma praga, como a que está exterminando o bichinho, um dia, vai cair também sobre nós, forasteiros incautos.
 
São Paulo, 09 de junho de 2024.
 
Fernando Dezena é escritor
enviar notíciaenviar informaçõesenviar foto comentar

Comentar usando as Redes Sociais

Comentar esta notícia

comentário

(500 caracteres)

nome completo
cidade



Veja também
Últimas NotíciasRecadosClassificados ParabrisaAnuncie AgoraVenda de Garagem