Do Cafofo do Dezena - Crônica Viva - Sorrir
Não me venha dizer que tem um montão de coisas para fazer ainda neste ano. Acabou, meu amigo, acabou. Quarta-feira é Natal, depois vem o Ano Novo, e o que não fez durante os trezentos e tantos dias, não é agora que vai conseguir. A não ser pedir perdão.
Nunca é tarde, nem falta tempo. Sabe aquele amigo que ficou distante, um WhatsApp talvez resolva. Ô cara, há quanto tempo? Falha minha, deixei-me consumir pelo trabalho. Sei lá, liga então. Explica o inexplicável e pede perdão. Mas tem de ser aquele do fundo do peito. Não para aliviar o momento e tudo continuar como antes.
Sabe outra coisa que também dá tempo? Abrir a boca em um sorriso. Não, não me venha com timidez. Logo pela manhã, escova de dentes em punho, frente ao espelho, solte o mais lindo sorriso. Certa vez, escrevi um poema que falava isso, ou quase, vou procurar, acho que está no meu livro CATARINA. Achei, é do livro CASA E GUARDANAPOS, os primeiros versos são:
quero um dia para sorrir
quero um dia para
olhar os olhos das pessoas
quero um dia para
olhar os lábios das pessoas
a boca das pessoas
os dentes das pessoas:
quero sorrir
 
Depois, sigo imaginando um dia todo de sorrisos, até que, cansado de sorrir, deixo uma lágrima rolar. Gostoso esse negócio de sorrir, não é verdade? Mas os tempos andam tão zangados que, se escrevermos um texto falando de alegria, seremos prontamente execrados por uma urbe em fúria. Por isso, muito cuidado, tranque a porta do banheiro, certifique-se de que seu espelho não seja daqueles espiões, com câmeras atrás, e execute.
Se mandou a mensagem para o amigo distante, já sorriu escondido no banheiro, está bom. Lembrei-me de uma coisa gostosa. Quando estamos perdidos em pensamentos e deixamos escapulir um sorriso imaginando-nos sozinhos. A pessoa ao lado questiona: Do que está rindo? Eu? Não estava rindo. Só esticava os lábios, mania que tenho, nada não.
Pronto, nada mais resta até o dia dois de janeiro de 2025. Aí, sim, a coisa pega. E precisaremos de amigos, muitos amigos, para enfrentar o ano. Mas amigos que nos façam sorrir e nos consolem na hora de chorar.
FELIZ NATAL
 
Fernando Dezena
compartinharenviar informaçõesenviar foto comentarNunca é tarde, nem falta tempo. Sabe aquele amigo que ficou distante, um WhatsApp talvez resolva. Ô cara, há quanto tempo? Falha minha, deixei-me consumir pelo trabalho. Sei lá, liga então. Explica o inexplicável e pede perdão. Mas tem de ser aquele do fundo do peito. Não para aliviar o momento e tudo continuar como antes.
Sabe outra coisa que também dá tempo? Abrir a boca em um sorriso. Não, não me venha com timidez. Logo pela manhã, escova de dentes em punho, frente ao espelho, solte o mais lindo sorriso. Certa vez, escrevi um poema que falava isso, ou quase, vou procurar, acho que está no meu livro CATARINA. Achei, é do livro CASA E GUARDANAPOS, os primeiros versos são:
quero um dia para sorrir
quero um dia para
olhar os olhos das pessoas
quero um dia para
olhar os lábios das pessoas
a boca das pessoas
os dentes das pessoas:
quero sorrir
 
Depois, sigo imaginando um dia todo de sorrisos, até que, cansado de sorrir, deixo uma lágrima rolar. Gostoso esse negócio de sorrir, não é verdade? Mas os tempos andam tão zangados que, se escrevermos um texto falando de alegria, seremos prontamente execrados por uma urbe em fúria. Por isso, muito cuidado, tranque a porta do banheiro, certifique-se de que seu espelho não seja daqueles espiões, com câmeras atrás, e execute.
Se mandou a mensagem para o amigo distante, já sorriu escondido no banheiro, está bom. Lembrei-me de uma coisa gostosa. Quando estamos perdidos em pensamentos e deixamos escapulir um sorriso imaginando-nos sozinhos. A pessoa ao lado questiona: Do que está rindo? Eu? Não estava rindo. Só esticava os lábios, mania que tenho, nada não.
Pronto, nada mais resta até o dia dois de janeiro de 2025. Aí, sim, a coisa pega. E precisaremos de amigos, muitos amigos, para enfrentar o ano. Mas amigos que nos façam sorrir e nos consolem na hora de chorar.
FELIZ NATAL
 
Fernando Dezena
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