anunciar tabela de preços enviar notícia
rede social :: login
Do Cafofo do Dezena - Crônica Viva - Uma caipirinha
São João da Boa Vista|cultura|16/11 10:46|82 visualizações
Como o tempo voa, Deus do céu! Há duas semanas, estávamos em Itabira para a entrega do prêmio Juca Pato, de intelectual do ano, à jornalista Míriam Leitão. O fato proporcionou dezenas de acontecimentos que mereceriam uma crônica. Após quatorze dias, os assuntos parecem folhas amareladas na gaveta. Nem tão antigos que mereçam ser visitados, nem novos para a surpresa do leitor.


Paciência. Em outro momento, narro as algazarras da Vanessa Ratton e Sibila na longa viagem de carro de São Paulo a Itabira, e de lá para cá. Também poderia falar da entrega do prêmio, do almoço com Carmen Lúcia, Ministra do STF, dos elevadores, das portas corta-chamas que não abriam, do litro de cachaça que ficou esquecido no apartamento com duas ou três doses a menos. Falei a palavra mágica? Cachaça? Para ela não há tempo e quanto mais amarela melhor.


Sim, no ano passado, na mesma cidade, no mesmo hotel, para a entrega do mesmo prêmio, mas à Conceição Evaristo, vi, na prateleira da recepção, alguns litros da bebida nacional. Perguntei quanto era, não estavam à venda. Ganhei, no checkout, um litro para chamar de meu. Desta vez, as garrafas sumiram, perguntei à atendente. Fez-se de desentendida.


Um hóspede esqueceu um litro quase cheio, cachaça boa da cidade, se quiser, pode levar.


Opa, sim, claro. Por que não levaria?


Depois, fiquei pensando no homem misterioso que levara para o quarto o precioso líquido, talvez na intenção de se embriagar, tentando esquecer o amor distante, problemas financeiros ou, quem sabe, uma doença arrasadora. Tomou um gole, outro gole e, no silêncio do apartamento, decidiu que não valeria embriagar-se, que enfrentaria com lucidez as tempestades. Quem sabe, elas não mais existissem, dissiparam-se ao receber a mensagem do amor em reconciliação, ou ao saber que o empréstimo, tão esperado, fora liberado pelo banco, melhor, que o exame continha um erro, e aquele que anunciava a doença, por confusão do laboratório, pertencia a outro paciente. Quem sabe?


O litro, com duas ou três doses a menos, trouxe para São Paulo e já o entreguei a quem de direito. Um apreciador moderado.


Quanto ao homem, ficaremos sem entender o que ocorreu. Pode ser que nada do que narrei. E, sim, esteja furioso por esquecer a cachaça em Itabira e, lendo a crônica, mande uma mensagem solicitando a imediata devolução, se ainda não a entornamos. Quem sabe processe o hotel, por não o ter comunicado, tempestivamente, o ocorrido, e a mim, por tantas conjecturas descabidas. Só queria mesmo uma caipirinha!
 
Fernando Dezena

enviar notíciaenviar informaçõesenviar foto comentar

Comentar usando as Redes Sociais

Comentar esta notícia

comentário

(500 caracteres)

nome completo
cidade















Veja também
Últimas NotíciasRecadosClassificados ParabrisaAnuncie AgoraVenda de Garagem