Do Cafofo do Dezena - Crônica Viva - Uma caipirinha
Como o tempo voa, Deus do céu! Há duas semanas, estávamos em Itabira para a entrega do prêmio Juca Pato, de intelectual do ano, à jornalista Míriam Leitão. O fato proporcionou dezenas de acontecimentos que mereceriam uma crônica. Após quatorze dias, os assuntos parecem folhas amareladas na gaveta. Nem tão antigos que mereçam ser visitados, nem novos para a surpresa do leitor.
Paciência. Em outro momento, narro as algazarras da Vanessa Ratton e Sibila na longa viagem de carro de São Paulo a Itabira, e de lá para cá. Também poderia falar da entrega do prêmio, do almoço com Carmen Lúcia, Ministra do STF, dos elevadores, das portas corta-chamas que não abriam, do litro de cachaça que ficou esquecido no apartamento com duas ou três doses a menos. Falei a palavra mágica? Cachaça? Para ela não há tempo e quanto mais amarela melhor.
Sim, no ano passado, na mesma cidade, no mesmo hotel, para a entrega do mesmo prêmio, mas à Conceição Evaristo, vi, na prateleira da recepção, alguns litros da bebida nacional. Perguntei quanto era, não estavam à venda. Ganhei, no checkout, um litro para chamar de meu. Desta vez, as garrafas sumiram, perguntei à atendente. Fez-se de desentendida.
Um hóspede esqueceu um litro quase cheio, cachaça boa da cidade, se quiser, pode levar.
Opa, sim, claro. Por que não levaria?
Depois, fiquei pensando no homem misterioso que levara para o quarto o precioso líquido, talvez na intenção de se embriagar, tentando esquecer o amor distante, problemas financeiros ou, quem sabe, uma doença arrasadora. Tomou um gole, outro gole e, no silêncio do apartamento, decidiu que não valeria embriagar-se, que enfrentaria com lucidez as tempestades. Quem sabe, elas não mais existissem, dissiparam-se ao receber a mensagem do amor em reconciliação, ou ao saber que o empréstimo, tão esperado, fora liberado pelo banco, melhor, que o exame continha um erro, e aquele que anunciava a doença, por confusão do laboratório, pertencia a outro paciente. Quem sabe?
O litro, com duas ou três doses a menos, trouxe para São Paulo e já o entreguei a quem de direito. Um apreciador moderado.
Quanto ao homem, ficaremos sem entender o que ocorreu. Pode ser que nada do que narrei. E, sim, esteja furioso por esquecer a cachaça em Itabira e, lendo a crônica, mande uma mensagem solicitando a imediata devolução, se ainda não a entornamos. Quem sabe processe o hotel, por não o ter comunicado, tempestivamente, o ocorrido, e a mim, por tantas conjecturas descabidas. Só queria mesmo uma caipirinha!
 
Fernando Dezena
enviar notíciaenviar informaçõesenviar foto comentarPaciência. Em outro momento, narro as algazarras da Vanessa Ratton e Sibila na longa viagem de carro de São Paulo a Itabira, e de lá para cá. Também poderia falar da entrega do prêmio, do almoço com Carmen Lúcia, Ministra do STF, dos elevadores, das portas corta-chamas que não abriam, do litro de cachaça que ficou esquecido no apartamento com duas ou três doses a menos. Falei a palavra mágica? Cachaça? Para ela não há tempo e quanto mais amarela melhor.
Sim, no ano passado, na mesma cidade, no mesmo hotel, para a entrega do mesmo prêmio, mas à Conceição Evaristo, vi, na prateleira da recepção, alguns litros da bebida nacional. Perguntei quanto era, não estavam à venda. Ganhei, no checkout, um litro para chamar de meu. Desta vez, as garrafas sumiram, perguntei à atendente. Fez-se de desentendida.
Um hóspede esqueceu um litro quase cheio, cachaça boa da cidade, se quiser, pode levar.
Opa, sim, claro. Por que não levaria?
Depois, fiquei pensando no homem misterioso que levara para o quarto o precioso líquido, talvez na intenção de se embriagar, tentando esquecer o amor distante, problemas financeiros ou, quem sabe, uma doença arrasadora. Tomou um gole, outro gole e, no silêncio do apartamento, decidiu que não valeria embriagar-se, que enfrentaria com lucidez as tempestades. Quem sabe, elas não mais existissem, dissiparam-se ao receber a mensagem do amor em reconciliação, ou ao saber que o empréstimo, tão esperado, fora liberado pelo banco, melhor, que o exame continha um erro, e aquele que anunciava a doença, por confusão do laboratório, pertencia a outro paciente. Quem sabe?
O litro, com duas ou três doses a menos, trouxe para São Paulo e já o entreguei a quem de direito. Um apreciador moderado.
Quanto ao homem, ficaremos sem entender o que ocorreu. Pode ser que nada do que narrei. E, sim, esteja furioso por esquecer a cachaça em Itabira e, lendo a crônica, mande uma mensagem solicitando a imediata devolução, se ainda não a entornamos. Quem sabe processe o hotel, por não o ter comunicado, tempestivamente, o ocorrido, e a mim, por tantas conjecturas descabidas. Só queria mesmo uma caipirinha!
 
Fernando Dezena
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